Total de visualizações de página

sábado, 28 de abril de 2012

Machado de Assis, centenário revela um escritor eternamente presente

reportagem

Machado de Assis, centenário revela um escritor eternamente presente

Repórter: FLÁVIA SERRANO CAYRES
Em 2008,comemora-se cem anos da Morte de Machado de Assis.O escritor,que é considerado um clássico da literatura, revela ao leitor, em sua obra,a realidade do Brasil e descreve de forma inusitada, para sua época, o sentimento humano.Machado,com seu humor irônico e escrita minuciosa,surpreende o leitor a cada página lida.
De acordo com o professor de Literatura Brasileira da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Araraquara(SP), Wilton José Marques, Machado de Assis é considerado escritor universal por não descrever somente a sociedade brasileira, mas também o ser humano."Sua obra literária é do mesmo porte da obra de um Flaubert, de um Dostoievski, de um Kafka, etc. Sobretudo, porque ela toca em temas que não dizem respeito apenas a sociedade brasileira, mas, de modo geral, ao ser humano.Talvez por conta do desprestígio da Língua Portuguesa, a sua ressonância mundial não seja ainda tão grande.De qualquer modo, traduzido em diversas línguas, o bruxo vem sendo paulatinamente descoberto", analisa.
Em relação à obra machadiana, o professor fala sobre sua visão perante a obra. “Dentro do processo de formação de qualquer escritor o trabalho incessante de reescritura do texto literário é uma necessidade imperiosa que antecede a individuação da voz literária. Foi o que Machado fez. E, na sua relação obsessiva com a literatura, a reescritura foi um modo de complexificar o seu projeto literário no sentido de torná-la mais profunda".
Cada vez mais o escritor,por apresentar uma nova linguagem frente sua época,atrai estudiosos desde da crítica literária à sociologia.Este interesse, conforme Marques, surge por ser uma obra que oferece ao leitor novas possibilidades de entendimento a cada releitura."É assustador perceber que vários aspectos da visão machadiana sobre a sociedade brasileira oitocentista são válidos ainda hoje. Como, por exemplo, as relações de favor e compadrio, que são práticas de poder completamente entranhadas na vida política brasileira. A obra de Machado está aí para nos lembrar o que já fomos, resta-nos, a partir de sua leitura, pensar então sobre o que queremos ser".
O docente alerta o leitor que se interessa pela obra e que tem alguma dificuldade em interpretá-la.“É importante frisar que a busca pelo conhecimento, literário ou não, nem sempre é fácil. As dificuldades fazem parte do próprio processo de aperfeiçoamento individual de cada um. Um leitor bem formado transforma-se num cidadão consciente. Este é um círculo vicioso que devíamos almejar sempre".
Por ser uma obra da qual é tema nos principais vestibulares do país, Marques frisa a importância do professor para a boa interpretação do aluno. “Como mediador, ele precisa se esforçar para ajudar seus alunos, e,sobretudo, contribuir para que o ato de leitura seja encarado como algo natural. Quando o aluno consegue perceber que o conhecimento é, antes de tudo, libertação, a sua disposição, inclusive para enfrentar textos difíceis, torna-se ainda maior. No limite, pode-se dizer que literatura é o compartilhamento de experiências que, por sua vez, nos ajudam a crescer e a entender o mundo em que vivemos. Nesse sentido, a leitura de Machado é sempre imprescindível”,conclui.
Para a universitária Juliana Retamero, Machado de Assis é considerado referência para a literatura.“É muito importante estudá-lo, pois através dele adquirimos mais cultura e aprendemos sua linguagem que se torna uma ajuda para o conhecimento de si mesmo”.
Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis, cronista,contista, dramaturgo, jornalista, poeta,novelista,romancista, ensaísta e crítico, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 21 de junho de 1839. É fundador da cadeira nº 23 e escolheu José de Alencar para ser seu patrono, da Academia Brasileira de Letras.Por sua importância, a Academia passou a ser chamada de Casa de Machado de Assis. Entre suas principais obras estão “Dom Casmurro”, (1899), “Memórias Póstumas de Brás Cubas” (1881) “Quincas Borba" (1891) e “ O Alienista" (1882).
"A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente." (O Alienista

Nenhum comentário:

Postar um comentário